sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Meu eu mais fluido:



Angústia que não cabe, "um iceberg numa piscina de plástico", ela escutou uma vez e entendeu muito bem o que isso queria dizer, era exatamente assim que se sentia, era demais para o mundo, na verdade o mundo que era de menos pra ela, e isso incomodava, como se fosse um cachorro enorme, peludo e cada desagrado uma pulga, carregava nas costas o peso da diferença, exercício diário que fortaleceu muito bem seu ego, indiferente, escolheu o caminho mais difícil, passando por ele juntou todas as pedras que pode, com algum sofrimento escalou a montanha mais alta, chegou no topo,lá, com a ajuda das pedras hoje constroi seu castelo, ali no pico mais alto da montanha mais alta, longe de todos, de quase tudo, confortavelmente escondida, semi-isolada, conta apenas com a rara visita de uns poucos e rápidos amigos, quase não sai, gosta do lugar, gosta mais ainda de ser dona dele, da janela ela vigia as vidas dos que lhe importam e crucifica os que mesmo de longe conseguem lhe importunar, é sua alma de cachorro sacudindo as pulgas.


(Máscara para mostrar, não para esconder.)