terça-feira, 16 de setembro de 2008

Mãe e pai:




Desculpem por hoje, eu só queria que vocês entendessem, este é de longe o pior ano da minha vida, o tratamento está me ajudando muito, sem ele com certeza eu nem me levantaria da cama, mas não é vagabundagem, nem frescura nem nada que vocês pensam, de fora daí de onde vocês vêem tudo parece mil vezes mais simples do que realmente é aqui dentro, eu só quero que esses dois meses passem, eu só quero que esse inferno acabe, e não é culpa de ninguém, é natural, não consigo fazer tudo ao mesmo tempo, preciso dos meus amigos por perto, sem eles eu não sou nada, amo o Santa Cecília, odeio o terceiro ano, odeio a minha turma, odeio ter que levantar todo dia as 6 e pouca da manhã pra ouvir professor dizendo que faltam tantas semanas pra merda dessa prova que reduz a gente a número, e pra conviver com um monte de gente babaca que não me conhece, e não se respeita, odeio, eu por mim não saia mais de casa, mas não posso fazer isso, não posso me isolar, assim que esse inferno passar as coisas vão voltar ao normal, ano que vem irei pra aula com um sorriso no rosto, vou trabalhar, ir pra academia, fazer francês o diabo a mil, mas não posso mais, não vou fingir que está tudo bem, não está, estou em tratamento, tenho crises tenho recaídas e os dias pesam como nunca, preciso da ajuda de vocês e da compreensão, que sempre me deram, agora ainda mais, sinto muito por decepcioná-los eu também não esperava nada disso, mas é assim que as coisas são.
Mais dois meses e estarei livre, me ajudem.


Com carinho, da sua filha que os ama muito:


Manoela Elias.

Fortaleza 15 de Agosto de 2008.

(sim, a carta foi enviada, não, eles não entenderam nada.)

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