(As pessoas sempre vão falar pois suas línguas lhe vencem os dentes e seus medos e inseguranças sempre acabam em dedos ao diferente. Então que se foda amor, que se foda se a palavra suja não rima. Que se foda amor, que se foda. Pecado é não viver a vida. -Dance of days.)
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Simples verdades:
(As pessoas sempre vão falar pois suas línguas lhe vencem os dentes e seus medos e inseguranças sempre acabam em dedos ao diferente. Então que se foda amor, que se foda se a palavra suja não rima. Que se foda amor, que se foda. Pecado é não viver a vida. -Dance of days.)
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Sem açucar:
(com afeto.)
Nessa vida (trecho incompleto):
A vida é uma caixinha de surpresas
E quantas surpresas ela traz pra nossa vida!
E quanta vida nós ganhamos de presente
Nessa caixa de surpresa e de chegada e de saída!
Ponto de encontro e despedida
A vida é uma estrada de subidas e descidas
Essa estrada estranha que parece tão comprida
Mas que passa tão depressa com essa pressa suicida
Pressa que me apressa quando eu desço na banguela
Forte feito o Mickael do Skate na favela
Solto na ladeira eu solto o freio de mão
E ando sem as pernas porque eu tenho coração
Eu vou com o coração e com o coração eu vôo
Eu vou de coração e de coração eu dôo
o meu próprio coração e a vida que ele tem
que também foi doação, que eu recebi de alguém
- O presente valioso que é viver
Que a gente ganha e perde sem perceber
Que a gente adora e não sabe agradecer
Ou agradece e se esquece de fazer por merecer
A vida é uma carta sobre a mesa
E quantas tristezas ela obriga que eu suporte!
E quantas jogadas nós erramos realmente
Nesse jogo de azar e sorte, nascimento e morte?
(...)
(Gabriel Pensador)
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Teatro dos vampiros:
domingo, 19 de outubro de 2008
Azedume:
( Tira esse azedume do meu peito
E com respeito trate minha dor
Se hoje sem você eu sofro tanto
Tens no meu pranto a certeza de um amor - Los Hermanos)
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Hibernei:
Anyway, I can try
anything it's the same circle
that leads to nowhere and I'm tired now.
Anyway, I've lost my face,
My dignity, my look,
Everything is gone
And I'm tired now.
But don't be scared,
I found a good job and I go to work
every day on my old bicycle you loved.
I am pilling up some unread books under my bed
and I really think I'll never read again.
No concentration,
Just a white disorder
everywhere around me,
you know I'm so tired now.
But don't worry
I often go to dinners and parties
with some old friends who care for me,
Take me back home and stay.
Monochrome floors, monochrome walls,
Only absence near me,
Nothing but silence around me.
Monochrome flat, monochrome life,
Only absence near me,
Nothing but silence around me.
Sometimes I search an event
Or something to remind,
But I've really got nothing in mind.
Sometimes I open the windows
And listen people walking in the down streets.
There is a life out there.
But don't be scared,
I found a good job and I go to work
Every day on my old bicycle you loved.
Anyway, I can try
Anything it's the same circle
That leads to nowhere and I'm tired now.
Anyway, I've lost my face,
My dignity, my look,
Everything is gone
And I'm tired now.
But don't worry
I often go to dinners and parties
With some old friends who care for me,
Take me back home and stay.
Monochrome floors, monochrome walls,
Only absence near me,
Nothing but silence around me.
(yann tiersen)
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
2x2:
Voltando, parece que se eu olhar pra trás vou ver o mesmo rosto suado, lindo e cheio de dentes que me acompanhou naquela noite fria, todos os questionamentos banais, os sonhos indecifráveis, a vontade louca de fazer algo novo, sentir algo novo. Aquela gana por uma estória a dois completamente diferente de todas as outras que já viveu. Se é que já tinha vivido alguma.
Com o tempo, porém, as coisas ficaram mais sóbrias. Os sentimentos assumiram novas nuances. Ao mesmo tempo que a gente sente próximo, a gente sente longe. A gente nem sabia mais o que sentir, lá pelas tantas. Só ia levando. Sem notar, assim.
Hoje só resta uma lembrança apagada dos velhos dias, aqueles com mais sorrisos, mais lágrimas de felicidade, mais expectativa. Dias que traziam conforto e confiança. Não que hoje esteja tão ruim, tão longe de ser o que era. Tá bem, está mesmo muito longe de ser o que era. A gente sente saudade do que viveu, tanta saudade que é capaz até de esquecer que somos as mesmas pessoas que viveram isso há tanto (ou tão pouco) tempo atrás. O tempo traz estabilidade, sim, mas também traz medos, conhecimento demais sobre o outro, decepção, euforias contidas. Maturidade, dizem.
Ou seria imaturidade?
Gostar é gostar muitas vezes, de todas as formas possíveis. É mostrar que você pode gostar de uma pessoa depois que ela assumir a forma original, e não aquela que você imaginava que era a dela. Não encare como calúnia se as qualidades variarem com o passar dos dias, meses, anos. Leva mesmo muito tempo até a gente conhecer tudo aquilo que um dia escolheu pra si julgando ser o melhor. Escolhemos todos os dias, na verdade. Basta saber se o melhor pode mesmo ser o seu melhor pra sempre, independente das surpresas que traga, independente das mudanças que sofra. Porque gostar, desculpe decepcionar os inflexíveis aí, é ceder. Nem muito, nem pouco. O suficiente.
Apenas esse espaço suficiente para que o outro possa abrir os olhos e respirar e para que você possa colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz.
Um espaço maior que 2×2, onde os dois possam sorrir, e só.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Ela cansou:
Um dia, sem mais nem menos, voltando do trabalho e depois de passar na padaria, com seu tradicional saco-de-pão com três croissants de chocolate dentro como acompanhantes na poltrona de carona do carro, Helena cansou.
É, ela cansou. Quando dobrou a esquina e apertou no controle para abrir a garagem, tinha um carro estacionado ali na frente, trancando a passagem. Não que isso possa ser considerado um sinal de fim dos tempos, mas a verdade é que ha muito tempo ela dormia mal e pensava demais em coisas que não tinha controle.
Estacionou na rua mesmo, desceu do carro e entrou porta adentro. Não estava irritada e nem nervosa. Não iria descontar no irmão ou no cachorro, nem sequer os enxergava. Seus olhos estavam vendados. Ela temia que ao olhar no espelho sentisse uma ânsia incontrolável. Ela só sabia que tinha que tomar o banho dela, enrolar o cabelo, colocar a primeira roupa que visse pela frente e ir pra faculdade. Ela simplesmente não tinha mais tempo a perder cuspindo dragões pela boca.
Fez exatamente isso. Antes de sair de casa, bebeu um iogurte e comeu ferozmente seus croissants habituais, deixou um bilhete que voltaria mais tarde das aulas encima da mesa e foi.
Tem vezes na vida em que a gente sabe que algo se quebrou de uma forma impossível de colar os cacos novamente, e mesmo sabendo disso, não sabemos como agir exatamente. A gente quer ser tranqüilo, cabeça boa, relaxado. No fim, acaba criando em si mesmo esse monstro com doze cabeças, nervoso e ansioso, que mal consegue dar um passo após o outro sem checar o relógio e o pequeno manual de boas maneiras pra ver se esta fazendo a coisa certa.
Helena não queria mais fazer as coisas certas, parece que algumas ações tinham perdido a conveniência.
A verdade: não sabia mais o que a movia. Não era raiva, rancor ou repulsa. Antipatia, aversão… não. Mesmo assim, batia a lapiseira com força na classe e quebrou mais de uma vez a grafite. E nem sequer reparou. “Cansar não exige muito esforço, é só uma questão de ajustar o foco.”, disse uma amiga à ela na hora do intervalo, quando ela sutilmente comentou que estava esgotada.
No quarto período encontrou o namorado pelos corredores, ele comentou algo sobre o dia dele e ela não ouviu. Um zumbido escorregava pelos ouvidos dela, exercendo um bloqueio instantâneo. Marcaram de se ver no dia seguinte, mecanicamente como quem diz “o número dois, por favor” no Mc Donald’s. E ela assistiu à última aula, só de corpo presente, sua cabeça estava virada num jogo de montar de 5.000 peças.
Na volta pra casa, o som estava alto demais, quase bateu o carro. Um susto. Seguiu em frente, mas não queria, é, ela não queria voltar pra casa, colocar o pijama, checar emails, escovar os dentes, ler duas frases de um livro e cair no sono. Deu meia volta e rodou. Não se sabe bem se por dez minutos ou uma hora. Talvez duas, talvez três.
Desceu numa praça, bairro distante do centro da cidade. Sentou num dos bancos acabados de lá, encostou a cabeça numa árvore e nem havia pensado na possibilidade de estupro, ladrão, lobo mau. Baixou os olhos por instantes, assim, como fazem as pessoas que cansam.
Vinte minutos depois, entrou no carro e foi pra casa. Já passava das duas da madrugada, a família toda na sala com cara assustada, mas em silêncio, só o vento frio batia, quase gritava, na janela. Antes que alguém viesse perguntar alguma coisa, Helena foi pro quarto.
Sabe o que ela fez?
Dormiu.
Porque no dia seguinte tinha que acordar cedo e pensar novamente em trabalho, faculdade, família, namorado, amigos, cachorro. Ou em nada disso. Já estava tarde pra pensar em algo, e afinal, ao menos por um único dia na vida… Helena cansou.
[Pela manhã, já era outra. Ao mesmo tempo, era a mesma. Difícil explicar, mas estava mais leve do que nunca.]
. .
Preocupação demais em buscar os defeitos dos outros dá nisso. Só gera desgaste físico e mental. Não é fácil definir como plano de metas a ação “não olhar pra trás”. Não é fácil mudar. É mais acessível se decepcionar por toda e qualquer coisa que surja. Coisa que quando não surge a gente dá jeito de procurar e encontrar. E se não encontra, inventa. Com o passar dos anos a gente percebe que a maior verdade que existe é aquela que a gente conhece por conta própria, a nossa existência. O que a gente viveu nos últimos cinco minutos. Ou aquilo que pode, de alguma forma, ser mensurável. Falando assim, parece conversa fiada de quem têm pêlos no coração, mas não é. Até Helena cansou. Ela, que sempre fez questão de fazer tudo regrado, tudo por todos, pouco por ela. Imagina então se for falar da gente, poços ambulantes de egocentrismo. Porque um dia todo mundo cansa. O ideal é que a gente mude, ou mesmo provoque a mudança, antes que chegue esse dia. Assim como ela, que quase não notou, encarando como um exercício simples de tolerância e seguiu em frente no livro dos dias. É. Assim o efeito vai ser breve e indolor, como tudo deve ser. Ok, eu sei. Nada é como deveria ser.
.
Agora… Helena, querida. Vem cá, vem. Senta aqui perto de mim e explica como é que se faz.
[...]
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
F***.
(a fucked up soul makes pair with a completly fucked up mind.)
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Onde a sua capacidade de sonhar se escondeu?
(e não adianta procurá-la debaixo do carro novo)
Harvest; snacks and tissues.
(Escrito em inglês sim, um presente para um amigo.)
Memória hospitalar azulada:
sábado, 4 de outubro de 2008
Dia nada
Desde a hora em que acordei:
ninguém em casa
a única voz que escuto é a minha
estranho
a casa vazia, quase morta
sinal de nada
um por um
nossos planos foram desfeitos
não gosto de dias sem planos
parece um dia perdido
hoje não vivi
animalizei
-acordei
-comi
-dormi
arrumei meu quarto
meu ninho
a depressão não veio
nem ela
até ela
hoje me deixou só
todas as luzes amarelas acesas
para espantar qualquercoisa
avisam que hoje esta casa merecia uma festa
um encontro
boas risadas
boa música
mas o nada impera
o nada acontece
as esperanças são ralas.
Narciso e Narciso
Se Narciso se encontra com Narciso
e um deles finge
que ao outro admira
(para sentir-se admirado),
o outro
pela mesma razão finge também
e ambos acreditam na mentira.
Para Narciso
o olhar do outro, a voz
do outro, o corpo
é sempre o espelho
em que ele a própria imagem mira.
E se o outro é
como ele
outro Narciso,
é espelho contra espelho:
o olhar que mira
reflete o que o admira
num jogo multiplicado em que a mentira
de Narciso a Narciso
inventa o paraíso.
E se amam mentindo
no fingimento que é necessidade
e assim
mais verdadeiro que a verdade.
Mas exige, o amor fingido,
ser sincero
o amor que como ele
é fingimento.
E fingem mais os dois
com o mesmo esmero
com mais e mais cuidado
- e a mentira se torna desespero.
Assim amam-se agora
se odiando.
O espelho embaciado,
já Narciso em Narciso não se mira:
se torturam
se ferem
não se largam
que o inferno de Narciso
é ver que o admiravam de mentira.
(Ferreira Gullar)
Desabafo:
(Intimidade
No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.
[ José Saramago] )