quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Correio feminíno:

Nunca levei jeito pra vítima, as coisas não funcionam assim pra mim, pra mim o fator culpa não existe, minto, existe, mas a culpa é de todo mundo, ninguém é inocente, por mais que as pessoas tentem, não são, eu não acredito na bondade nem na pureza, não mais, acho sinceramente que prefiro assim, nunca tive vergonha, sempre preferi os difíceis, o ruim, o incorreto, é Clarice o que obviamente não presta sempre nos interessou muito, hoje me disseram que eu pareço com você quando falo, quando escrevo, "graças a Deus" pensei, se pareço contigo estou no caminho certo, eu disse "letras" Clarice, eu disse, tracei meu rumo, fiz meu plano, a palavra saiu imediata como um tiro e a epifanía veio, fez se a luz aqui na minha sombreada existência, eu disse "letras" Clarice e fez todo o sentido, claro que tenho medo, um infinito de perguntas, sem respostas, a eterna busca, você me ensinou Clarice que a tristeza não significa infelicidade, acho que é culpa sua eu entender tanto das coisas, culpa sua esse meu coração do tamanho do mundo, mas a culpa não existe, ou melhor, existe, e ela é nossa Clarice, carregar a vida nas costas, a própria, a dos outros, a esperança, a angustia, de ser várias, de ser única, foi por isso que te entreguei minha alma, porque você entende Clarice, sei que você escutou quando eu disse, agora faz todo o sentido, Clarice.

(“Eu sou à esquerda de quem entra. E estremece em mim o mundo. (…) Sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. Sou um coração batendo no mundo.” C.L)

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